Mamografia ou ecografia?

As duas, ou mesmo três, porque ainda se pode juntar a ressonância magnética. Tudo depende da idade da mulher e das dúvidas que é preciso esclarecer. O diagnóstico precoce continua a ser a melhor arma contra o cancro da mama.

O exame clínico mamário é muito importante, mas não suficiente para estudar a mama ou antecipar uma lesão tratável. É ponto assente que, se detetado numa fase inicial, o cancro da mama pode ser tratado em cerca de 90% dos casos. É aqui que o diagnóstico precoce ganha supremo relevo. Isto porque o cancro da mama deve ser detetado na fase inicial, numa fase subclínica, isto é, quando ainda não são palpáveis nódulos ou outras alterações. Para se chegar aqui, é preciso avaliar e diagnosticar.

Os passos necessários a um bom diagnóstico não são iguais para todas as mulheres, nem são indicadores de um potencial de gravidade. Antes dos 40 anos de idade, as dúvidas e necessidade de esclarecimento não passam, habitualmente, pela mamografia. Quer pela própria estrutura da mama, quer pela idade, as mulheres mais jovens não devem ser sujeitas a uma mamografia para uma avaliação de rotina. Tal como as mulheres grávidas. Para estes casos, a opção para apoiar o diagnóstico tem o suporte da ecografia.

A ecografia é um exame inócuo, que não emite radiação e pode ser repetido várias vezes ao ano, se houver necessidade de acompanhar alguma situação específica. Em idades jovens e nas grávidas é consensual que a ecografia mamária é um exame de diagnóstico por si só esclarecedor na maioria das situações; no caso de existir necessidade de outras informações, poderá ser recomendado realizar uma ressonância magnética. No entanto, há que realizar consulta com especialista pois cada caso é diferente e, tal como o tratamento, também o diagnóstico deverá ser individualizado.

Na mulher depois dos 40 anos de idade, a mamografia é o exame recomendado anualmente, ou no máximo, de dois em dois anos. Hoje, com recurso à mamografia digital, acoplada à tomossíntese, a informação obtida é cada vez mais rigorosa, evitando-se muitas vezes outros exames mais invasivos, como a biópsia. Com este tipo de mamografia, as imagens recolhidas são em 3D, fornecendo uma reconstrução tridimensional da mama, o que vai permitir diminuir os falsos positivos, mas também os falsos negativos, que os equipamentos tradicionais não evitavam.

É ainda possível que, tendo em conta a densidade da mama e a existência de tecido fibroso, além da mamografia, seja sugerido realizar uma ecografia mamária, como exame complementar. E em mamas de alto risco, ainda pode ser associada uma ressonância magnética mamária, uma vez que este é um exame com grande potencial para a deteção de lesões minúsculas e que fornece informação detalhada dos tecidos moles.

Igualmente em mulheres portadoras de implantes mamários, a ressonância magnética é da maior importância na avaliação do estado das próteses e do tecido mamário circundante, assim como em doentes que foram submetidas a cirurgia mamária por cancro, em que a ressonância magnética permite distinguir o tecido fibroso que fica após a cirurgia ou um novo cancro.

A vigilância mamária em mulheres portadoras de mutações genéticas, que predispõem para cancro da mama, também deverá ser mais intensiva, combinando a ecografia com ressonância magnética mamária em idades mais jovens e, acima dos 35 anos, juntando a estas a mamografia / tomossíntese, para maior acuidade diagnóstica.

É conjugando estes exames que o especialista em mama pode chegar ao melhor e mais rápido diagnóstico, prevenindo o que pode ser curável sendo verdade que, em 90% dos casos, isso é possível. Investir no diagnóstico precoce do cancro da mama e na prevenção de lesões incuráveis é investir na vida.

Margarida Figueiredo Dias

(médica ginecologista)

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